O zagueiro Léo,vítima de racismo no clássico entre Athletico-PR e Coritiba neste sábado — Foto: Reprodução/Instagram
GERADO EM: 25/01/2025 - 18:15
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O zagueiro Leonardo Pinheiro,mais conhecido como Léo Pelé,foi vítima de racismo neste sábado. O jogador,de 28 anos,participava de seu primeiro clássico contra o Coritiba,no estádio Couto Pereira,em Curitiba (PR),quando foi expulso da partida. Ao deixar o campo,o atleta,recém-contratado pelo Athletico Paranense,foi alvo de insultos racistas de um torcedor do Coxa. Em um vídeo,feito da arquibancada e divulgado nas redes sociais,é possível escutar a voz do homem que proferiu os xingamentos. O rosto dele,no entanto,não aparece nas imagens.
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"Macaco não se cria no [estádio] Couto Pereira. Vai embora Léo Pelé,seu macaco. Seu preto,macaco do c******. Vai embora. Aqui não,seu macaco. Aqui não. Olha para cá,seu macaco,seu filho da p***",diz o rival.
Leo,zagueiro do Athletico-PR,é alvo de racismo durante jogo contra o Coritiba
O caso aconteceu por volta dos 29 minutos do primeiro tempo,quando Léo se envolveu em uma lance polémico com atacante Lucas Ronier e recebeu o segundo cartão amarelo. Ele já tinha recebido um cartão amarelo aos 11 minutos,em confusão com o centroavante Júnior Brumado na área athleticana.
Segundo informações da repórter Monique Vilela,Leo foi à delegacia registrar a ocorrência.
Essa não é a primeira vez que o Atletiba,apelido do clássico entre Athletico e Coritiba é marcado por um caso de racismo. Em 2023,dois torcedores do Coritiba imitaram um macaco em direção à torcida do Athletico nas arquibancadas do estádio,durante um duelo pelo campeonato brasileiro. O caso chegou a ser investigado pela Delegacia Móvel de Atendimento ao Futebol e Eventos (Demafe),da Polícia Civil do Paraná.
Apelidado de Leo Pelé por causa de sua semelhança física com o rei do futebol,o zagueiro foi revelado pelo Fluminense e também passou por São Paulo e,mais recentemente,pelo Vasco. Por diversas vezes o defensor já se posicionou contra o racismo. No passado ele afirmou já ter sido vítima de ofensas raciais.
Ano passado,na época das comemorações do centenário da Resposta Histórica — quando o Vasco se recusou a excluir atletas negros de sua equipe,conforme havia solicitado a federação de futebol do Rio da época — Leo chegou a afirmar que sentiu sua vida "entrelaçada com a história do Vasco". Ao ler a carta da Resposta Histórica,redigida pelo presidente cruzmaltino de 1924,José Augusto Prestes,o jogador disse que "se segurou para não chorar"
— Li a carta todinha e voltei em três palavras que estavam escritas ali: digno,lutaram,vitórias. Irmão,tu percebeu que,sem a Resposta Histórica do Vasco,talvez não existiria o Pelé? Ou Leônidas,Garrincha,Romário,Ronaldo,Ronaldinho,Rivaldo,vixe… É infinita a lista de pretos de origem humilde que fizeram a gente ser o que é — disse o jogador em depoimento ao "The Players Tribune".
Horas após a partida,o Vasco,clube que Leo defendia até o ano passado,publicou uma nota de repúdio nas suas redes sociais. Confira:
"O Vasco da Gama manifesta seu total repúdio aos atos de racismo dirigidos ao atleta Léo durante a partida entre Coritiba e Athletico Paranaense na tarde de hoje (25/01).
Em 126 anos de história,lutamos contra o racismo e elitismo. Reafirmamos,portanto,que não há espaço para preconceito no esporte ou na sociedade. Exigimos a identificação e punição dos responsáveis por esses atos.
Seguiremos firmes na defesa da igualdade,da justiça e da dignidade humana".