Medicamentos como Wegovy e Ozempic são promissores não só para tratar obesidade — Foto: NYT
GERADO EM: 20/01/2025 - 22:08
O Irineu é a iniciativa do GLOBO para oferecer aplicações de inteligência artificial aos leitores. Toda a produção de conteúdo com o uso do Irineu é supervisionada por jornalistas.
CLIQUE E LEIA AQUI O RESUMO
Tendo se mostrado eficazes contra a obesidade,os medicamentos GLP-1 têm outras surpresas reservadas para os usuários? Estudos recentes mostram avanços promissores contra uma ampla gama de doenças,da síndrome de Alzheimer às patologias cardiovasculares,mas especialistas alertam que elas não devem ser vistas como moléculas milagrosas. Eles são conhecidos pelos nomes Ozempic,Wegovy,Mounjaro e surgiram há cerca de uma década,primeiro como remédios contra diabetes e,mais recentemente,para promover a perda de peso em pessoas obesas.
Entenda: por que os especialistas em obesidade agora falam que os tratamentos para emagrecer são para 'a vida toda'Ozempic: emagrecimento rápido pode levar à perda de músculos; médico diz como prevenirEmagrecimento na menopausa: como perder peso com mudanças dos hormônios e deficiências nutricionais?
Eles são chamados de "GLP-1" porque imitam a ação desse hormônio,envolvido tanto na secreção de insulina quanto na sensação de saciedade,por meio de mecanismos cerebrais. Eles são amplamente considerados um dos grandes avanços médicos dos últimos anos,com grandes mercados para seus produtores,principalmente os laboratórios Novo Nordisk e Eli Lilly,que vendem Ozempic/Wegovy e Mounjaro,respectivamente.
No entanto,esses medicamentos podem ter outros efeitos terapêuticos. Vários estudos mostram que pacientes com GLP-1 apresentam melhores resultados contra uma gama muito ampla de patologias: demências,como Alzheimer,doenças cardiovasculares,dependência de álcool.
1 de 7
Dayanne Bezerra faz uso do Ozempic — Foto: Reprodução Instagram
2 de 7
Jojo Todynho já relatou usar Ozempic — Foto: Reprodução Instagram
Pular
X de 7
Publicidade 7 fotos
3 de 7
Luiza Possi revelou uso Ozempic — Foto: Reprodução Instagram
4 de 7
Oprah Winfrey assumiu usar Ozempic — Foto: Getty Images
Pular
X de 7
Publicidade
5 de 7
Sharon Osbourne apostou em Ozempic para perder peso — Foto: Getty Images
6 de 7
Rebel Wilson adotou Ozempic para emagrecer — Foto: Getty Images
Pular
X de 7
Publicidade
7 de 7
Karoline Lima revelou que usou Ozempic após críticas sobre seu corpo — Foto: Reprodução Instagram
Celebridades admitiram uso do remédio,que é destinado ao tratamento de diabetes
Publicado segunda-feira na revista Nature Medicine,um estudo abrangente segue essa linha e fornece uma ideia mais precisa da promessa desses tratamentos. O estudo foi conduzido nos Estados Unidos,usando dados de saúde de centenas de milhares de veteranos de guerra. Os pesquisadores compararam dois grupos de diabéticos: um tomando tratamentos convencionais e o outro tomando medicamentos GLP-1.
Estes últimos apresentam "menor risco de uso de drogas,transtornos mentais ou convulsivos,transtornos neurocognitivos,incluindo Alzheimer e outras demências,distúrbios de coagulação e problemas cardiometabólicos,doenças infecciosas e diversas patologias respiratórias",resume o estudo.
Como explicar uma gama tão ampla? "Existem dois tipos possíveis de mecanismos",disse o autor principal,Ziyad Al Aly,epidemiologista,em uma entrevista coletiva. A primeira é indireta. Como a obesidade está associada a múltiplas patologias,os tratamentos com GLP-1 reduzem estas últimas atuando na perda de peso.
Mas,diz o pesquisador,esses medicamentos podem atuar diretamente em outros casos. "A biologia é complexa e os receptores GLP-1 não controlam um único mecanismo no corpo",enfatiza Aly.
1 de 9
O porto em Kalundborg: com uma população de menos de 17 mil pessoas,a Novo Nordisk está fazendo grandes investimentos para aumentar a produção de seus populares medicamentos para diabetes e perda de peso,Ozempic e Wegovy — Foto: Charlotte de la Fuente/The New York Times
2 de 9
Shaun Gamble e os clientes do café Costa Kalundborg Kaffe,com vista para o porto em Kalundborg — Foto: Charlotte de la Fuente/The New York Times
Pular
X de 9
Publicidade 9 fotos
3 de 9
As ruas em Kalundborg — Foto: Charlotte de la Fuente/The New York Times
4 de 9
As ruas em Kalundborg — Foto: Charlotte de la Fuente/The New York Times
Pular
X de 9
Publicidade
5 de 9
Algumas das instalações do Laboratório Helix,financiado pela Fundação Novo Nordisk,onde estudantes de pós-graduação completam suas teses de mestrado trabalhando com empresas locais — Foto: Charlotte de la Fuente/The New York Times
6 de 9
Experimento com proteínas no Laboratório Helix,em Kalundborg — Foto: Charlotte de la Fuente/The New York Times
Pular
X de 9
Publicidade
7 de 9
Martin Damm,o prefeito de Kalundborg — Foto: Charlotte de la Fuente/The New York Times
8 de 9
Estudantes de engenharia e seu professor no Laboratório Helix,financiado pela Fundação Novo Nordisk — Foto: Charlotte de la Fuente/The New York Times
Pular
X de 9
Publicidade
9 de 9
A fábrica da Novo Nordisk em Kalundborg,onde quase toda a semaglutida,princípio ativo do Ozempic,é produzida — Foto: Charlotte de la Fuente/The New York Times
Economia do país cresceu 1,9% no ano passado,entre as mais rápidas da Europa,graças à indústria farmacêutica,liderada pela Novo Nordisk
Este estudo marca um grande passo à frente porque,até agora,o trabalho sobre a promessa do GLP-1 estava disperso,patologia por patologia. Ninguém ainda havia dado uma visão tão completa. Ele também responde parcialmente a perguntas sobre os riscos associados a esses medicamentos. Pacientes com GLP-1 frequentemente apresentam problemas digestivos. No entanto,eles não parecem ter mais pensamentos suicidas,como havia sido sugerido em trabalhos anteriores.
No entanto,é muito cedo para imaginar que esses medicamentos se tornarão ferramentas multifacetadas,capazes de tratar inúmeras doenças. Primeiro,o estudo da Nature Medicine faz apenas observações retrospectivas. Não permite concluir uma relação causal entre esses medicamentos e as doenças listadas.
Serão necessários ensaios clínicos formais para confirmar isso,o que leva anos. E nem todas as patologias são encontradas nas mesmas condições. Alguns estudos já mostraram bons resultados para distúrbios cardiovasculares. Outros estão a caminho do Alzheimer.
Mas em outros campos,como a dependência de álcool,muito pouco foi estudado até agora. Além disso,o estudo da Nature Medicine se concentra em pacientes com um perfil muito particular,geralmente homens bem mais velhos. E logicamente,todos eram diabéticos. É impossível,no estado atual,generalizar suas conclusões.
1 de 6
Lula emagreceu 7 quilos desde o início da campanha. Ele precisou fazer uma reeducação alimentar após descobrir ter pré-diabetes — Foto: Cristiano Mariz/ Agência O GLOBO
2 de 6
Quando foi reeleita,em 2016,Dilma recorreu à dieta Ravena,que a fez perder 4 quilos na época — Foto: MAURO PIMENTEL/AFP
Pular
X de 6
Publicidade 6 fotos
3 de 6
Gilmar Mendes,ministro do Supremo Tribunal Federal,emagreceu 10 quilos em seis meses. Ele fez uma redução drástica de carboidratos — Foto: Carlos Moura/STF/09-03-2023
4 de 6
João Dória Não come frituras,opta por peixes magros,começa as refeições por saladas e pede que suas porções à mesa sejam pequenas — Foto: Cristiano Mariz/Agência O Globo
Pular
X de 6
Publicidade
5 de 6
José Serra evita alimentos temperados para facilitar a digestão e não suporta salgadinhos e frituras — Foto: Jefferson Rudy/Agência Senado
6 de 6
Joice Hasselmann perdeu 22kg em 1 ano e 2 meses após uma reeducação alimentar e exercícios físicos — Foto: Reprodução/Instagram
Pular
X de 6
Publicidade Descubra o que cada um deles fez para perder peso
Por fim,os efeitos costumam ser leves. Para a demência,por exemplo,observa-se um risco reduzido de pouco mais de um décimo.
"É um trabalho importante (mas) é exploratório" e só pode servir de base para pesquisas futuras,resume Dipender Gill,farmacologista que não esteve envolvido no estudo,mas trabalhou durante anos para a Novo Nordisk.
O especialista também faz um alerta: nenhum paciente deve tentar tomar medicamentos GLP-1 baseado apenas nas promessas deste estudo.