Teatro contra os incêndios

2024-09-22    HaiPress

Brasília amanhece encoberta por fumaça causada por incêndios florestais dos últimos dias — Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

RESUMO

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GERADO EM: 22/09/2024 - 03:30

Críticas ao governo de Lula,explosões em Israel,biografia de Pamela Harriman e fotógrafo Lalo de Almeida em destaque.

O governo de Lula é criticado por não estar preparado para lidar com incêndios,focando em reuniões e promessas. Israel enfrenta problemas com explosões provocadas por aparelhos comprados pelo Hezbollah. A biografia de Pamela Harriman é lançada,contando sua influência na política americana. O fotógrafo Lalo de Almeida destaca-se registrando a crise climática no Brasil.

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Nas últimas duas semanas,Lula mostrou como o governo está mobilizado para enfrentar os incêndios e as queimadas. Em Manaus,anunciou a criação de uma Autoridade Climática. Em Brasília,reuniu-se com o presidente do Supremo Tribunal,do STJ,do TCU,do Senado e da Câmara e disse que “a gente não estava 100% preparado para cuidar dessas coisas”.

Tudo teatro. A Autoridade Climática,detonada nos primeiros meses do seu mandato,continua no mundo das promessas. A reunião de Brasília produziu apenas uma procissão de carros oficiais. No dia seguinte,Lula não teve agenda para se reunir com os governadores,pessoas que têm caneta para tomar medidas.

O governo não estava “100% preparado” porque vive no mundo da fantasia. Produz reuniões,eventos e anuncia a criação de conselhos,naquilo que o repórter Bruno Boghossian chamou de “ciranda da alta burocracia”.

“Ciranda,cirandinha,

vamos todos cirandar.”

Boghossian mostrou que,cirandando,o governo criou em junho uma sala de situação para enfrentar a seca e os incêndios. Depois da segunda reunião nessa sala de Brasília,a ministra do Meio Ambiente,Marina Silva,informou:

“Já estamos operando em plenas condições de ações. Já estamos com a sala de crise montada.”

“O anel que tu me destes

Era de vidro e se quebrou.”

Durante três anos,o Brasil passou por uma pandemia com um presidente negacionista. Agora,diante da emergência climática,o presidente tem outro estilo,o da ciranda.

Melhorou-se,mas a raiz do problema continua no mesmo lugar,com o mesmo tamanho: a burocracia acredita que seu palavrório e eventos produzem ações. Num caso,louvava-se a cloroquina e negava-se o problema. No outro,reconhecendo-o,acredita-se que ciranda resolve. Alguém acha que evento lustrado com a presença de presidentes de tribunais resolve o problema dos incêndios?

“Por isso,dona Rosa

Entre dentro desta roda

Diga um verso bem bonito

Diga adeus e vá se embora.”

O gosto pelo palavrório vem de longe. Em 2018,o país ralou uma greve de caminhoneiros que desabasteceu cidades e quebrou uma perna do governo. Dois empresários foram filmados incitando os caminhoneiros. No meio da crise,um ministro anunciou que estavam abertos 37 inquéritos em 25 estados para apurar a participação de empresas na paralisação. Deram em nada. Cirandou-se.

Agora a Polícia Federal informa que há 85 inquéritos abertos para apurar a origem criminosa de alguns incêndios. A ver.

O bode foi dispensado

O Banco Central subiu os juros para 10,75%,e Roberto Campos Neto passou incólume. Lula dispensou-o dos ataques com que o honrava desde o ano passado,quando o Copom baixava a Selic.

A decisão pela alta,unânime,teve o voto de Gabriel Galípolo,próximo presidente do Banco.

Os ataques a Campos Neto eram pura fumaça,espalhada no picadeiro para enganar a plateia. Como ensinava Tancredo Neves,esperteza quando é muita,come o dono.

O novo estilo de Israel

Os serviços de inteligência de Israel falharam miseravelmente em outubro do ano passado,quando o Hamas atacou o país. Daí a subestimá-los,é mau negócio.

O Hezbollah do Líbano comprou pagers e walkie-talkies que começaram a explodir,matando e ferindo centenas de pessoas.

A operação teve uma essência terrorista. Morreram pessoas que não sabiam da origem dos aparelhos e também outras que estavam apenas por perto.

Durante a ditadura,quando o Brasil teve um programa nuclear secreto (e mambembe),com a ditadura de Saddam Hussein no Iraque,os israelenses teriam sido finíssimos. Segundo um ministro contou à época,caixas de equipamentos fabricados na França chegaram a Bagdá contendo também exemplares do Velho Testamento.

O programa era tão mambembe que Saddam Hussein,falando de um empresário paulista a um embaixador brasileiro,disse-lhe:

Por favor,diga a ele para não vir aqui oferecer o que vocês não têm. (Era o projeto de uma bomba atômica) Essa operação resultou na morte de um jornalista brasileiro,assassinado em 1982 por brasileiros,junto com a mulher e um barqueiro. O casal passeava no mar do Rio.

Alexandre von Baumgarten escrevia um livro sobre a transação nuclear com o Iraque. Chamava-se “Yellow Cake”,nome de um pó de urânio natural.

Como havia um toque de trapalhada nas operações secretas da ditadura,sua mulher,o barqueiro e até o barco sumiram,mas o cadáver de Baumgarten acabou batendo numa praia. Ele estava sentado na borda da lancha quando foi baleado e caiu no mar. Afundou e apareceu dias depois,com duas balas no corpo.

Lalo de Almeida

A crise climática,com suas queimadas,serviram para confirmar que Lalo de Almeida é um dos grandes fotógrafos da atualidade. Assim como os garimpeiros de Serra Pelada projetaram Sebastião Salgado,há alguns anos,o olhar de Lalo mostra a crise com um toque de poesia dramática,indo do animal carbonizado aos caminhantes solitários pelo leito de um rio seco da Amazônia.

A grande Pamela

Saiu nos Estados Unidos mais uma biografia de Pamela Harriman. Chama-se “Kingmaker” e conta a vida dessa grande mulher. Ela morreu em 1997,aos 76 anos,depois de sofrer um AVC enquanto nadava (sem molhar o cabelo) na piscina coberta do hotel Ritz de Paris.

Pamela era embaixadora dos Estados Unidos na França,nomeada pelo presidente Bill Clinton. Anos antes,quando ele era um gorducho provinciano do Arkansas,e havia perdido a reeleição para governar seu Estado,sentia-se um caco. Ela o apresentou às pessoas certas de Washington,Clinton ganhou a eleição seguinte no Arkansas e acabou na Casa Branca.

Ela havia montado um fundo de arrecadações apelidado de PamPac que refrescou campanhas Democratas país afora,inclusive de outro que estava na pior e chamava-se Joe Biden.

A autora,Sonia Purnell,tentou sair do estereótipo da cortesã. Os homens passavam por sua vida e saíam maiores. O grande exemplo foi o Gianni (Fiat) Agnelli,que entrou como um playboy italiano e saiu como o grão-senhor internacional que era.

Pamela nasceu em Digby,filha de um baronete inglês. Casou-se com o filho (chato e bêbado) de Winston Churchill. Num século em que homens colecionavam namoradas,ela colecionou namorados. Purnell calcula-os na casa da centena. Um dos últimos pode ter sido o guarda-vidas da piscina do Ritz.

Purnell mostra que Pamela era uma mulher forte,sabia o que queria e gostava do andar de cima,onde vivia. Tomou chá com Adolf Hitler e foi amiga de Mikhail Gorbachev.

Pamela foi Churchill,mas morreu como Pamela Harriman,viúva do ícone americano Averell Harriman. Apelidado de Crocodilo,ele nasceu milionário,foi o homem do presidente Franklin Roosevelt em Londres nos primeiros anos da Segunda Guerra (quando começou a namorar Pamela,nora do primeiro-ministro). Reencontraram-se em 1971 e casaram-se meses depois.

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